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domingo, 13 de setembro de 2015

Opinião do livro: "Joaninha e o Jardim Encantado" de Cristina das Neves Aleixo

Título: Joaninha e o Jardim Encantado


Autor/a: Cristina das Neves Aleixo
Nº de Páginas: 85 (Incluí livro para colorir no interior)
Editora: Capital Books

Sinopse: Joaninha estava a estudar quando, de repente, se deixa adormecer e transportar para um jardim mágico, onde todos os animais falam e vivem em harmonia. Aqui encontra o melro Sebastião, que a introduz nos mistérios daquele esplendoroso universo. Quando sabe que, dentro da bonita casa que se ergue no centro do jardim, vive um menino impedido de sair dela, Joaninha toma a corajosa decisão de o resgatar. Mas o que retém Carlinhos dentro de casa é muito mais do que a doença que o obriga a deslocar-se numa cadeira de rodas e Joaninha terá de utilizar todas as suas forças para atingir os seus objectivos.
Neste seu primeiro livro, Cristina Das Neves Aleixo debuta na ficção infantil com uma história que demonstra que os maiores fantasmas vivem, afinal, dentro de nós próprios.

Opinião: Ganhei este livro num passatempo da página da autora no facebook (https://www.facebook.com/CristinaDasNevesAleixo?fref=ts) para quem quiser saber mais sobre a mesma. Quando soube da notícia fiquei felicíssima porque no decorrer do passatempo tive a possibilidade de ir vendo alguns posts relacionados com o livro e de ler a sinopse em alguns blogues literários e até mesmo no site da editora. Desde o momento que a li fiquei curiosa, porque a sensação que tive foi que fazia-me lembrar um pouco o país das maravilhas, onde pude reviver pequenos episódios da minha infância, até porque “Alice no País das Maravilhas” foi das primeiras histórias que tive contacto quando era mais pequena. Adiante, este livro retrata a história de Joaninha uma menina de apenas oito anos que depois de estar cansada de estudar, acaba por adormecer e entrar num mundo encantado, onde todos os seres vivos compreendem-se e podem falar entre eles e os humanos, acabando por se envolver a ajudar um menino triste que vivia preso no seu pequeno mundo numa cadeira de rodas, tornando-se no fim grandes amigos. Esta história é escrita essencialmente para os mais pequenos com idades compreendidas entre os 0 e os 6 anos de idade, mas com uma grande mensagem para os adultos, pois são eles o alicerce e a base para a implementação dos valores nos mais pequenos, isso incluí: pais, educadores, entre outros, todos aqueles que ajudam na educação e no crescimento da criança. Os valores éticos são fundamentais nestas idades, pois são elas que ajudam na construção da personalidade, das atitudes e das acções que exercerão mais tarde. Sou animadora sociocultural, mas neste momento, infelizmente, não estou a exercer a minha profissão, mas fiz esta experiência com o meu sobrinho de apenas 6 anos. Na leitura do livro pude detectar um aspecto negativo, mas também aspectos fundamentais e sobretudo uma bela história e uma lindíssima mensagem. Vou começar por falar no negativo que tive em conta, numa perspectiva de animadora sociocultural.
O aspecto negativo ocorreu durante a leitura. Na página 16, Sebastião, o melro que encontra Joaninha explica à mesma que ela consegue falar com ele e compreendê-lo, pois encontra-se num jardim encantado e mágico 'O melro pareceu sorrir na sua voz de pássaro e disse: Joaninha, todos os seres vivos falam, não sabias?' com esta frase as crianças retêm que naquele jardim, por ser encantado todos conseguem falar, por enquanto tudo bem, o erro, está mais tarde quando Joaninha adormece num banco de pedra e aparece dois coelhinhos gémeos e a carpa Jeremias no capítulo 3. Joaninha adormece e é embalada pelo vento até que aparece os coelhinhos barulhentos e a carpa, entretanto há um diálogo entre eles e o vento, o erro está aqui, o vento fala, mas o vento não é um ser vivo, mesmo que esteja num jardim encantado dá a entender às crianças que ele possa ser um ser vivo, eis que tive que explicar ao meu sobrinho que o vento fala na história, porque aquele jardim é encantado e é mágico. Todos são amigos, todos falam até o vento, mas que apenas os animais, e algumas flores são considerados seres vivos, o vento é apenas um fenómeno da natureza, que naquela história ganha vida. O erro foi mesmo esse, a autora ao dar a explicar pelas palavras de Sebastião que todos os seres vivos falavam, as crianças são astutas nestas idades e muito atentas a todos os pormenores, e no momento que li que o vento falou dizendo para os coelhinhos fazerem pouco barulho, surgiu a pergunta: “mas ó tia, o vento é um ser vivo?” e lá tive que explicar que tudo o que existe na Natureza chamamos de seres, mas que existe o ser vivo que são todos aqueles que nascem, crescem e morrem, e que existe os seres não vivos, que é a pedra o ar, que incluí o vento, a terra e a água, e voltei a salientar que aquilo é um jardim encantado que tudo ganha vida, para que ele não fique com dúvidas e pense que o vento também é um ser vivo. São estes aspectos que temos de ter em conta, eu compreendo que a autora na sua ideia nunca pensaria que poderia surgir algo assim, mas isso acontece, as crianças são muito atentas a estes pormenores, principalmente se estão a viver e a imaginar a história.

De resto, o livro traz consigo uma mensagem lindíssima. A mensagem que devemos passar a todos, incluindo aos mais adultos. Por vezes, esquecemo-nos durante o dia-a-dia dos valores éticos, e este livro traz consigo um valor importantíssimo. O respeito e o amor pelo próximo!

Muitas vezes olhamos para uma pessoa e pensámos "Que gordo!", "aquele ali é mesmo magro", "Já viste aquela com óculos fundo-de-garrafa!?", “que feia” entre outros e esquecemo-nos de olhar para o coração das pessoas. Aquele "gordo" pode ter algum problema de saúde que não consegue emagrecer. Aquela "que é magra demais" se calhar não consegue comer porque tem de alimentar os filhos, ou até mesmo tem um distúrbio alimentar, que já não há cura, por motivos pessoais dos quais não sabemos”. A “rapariga dos óculos fundo de garrafa, se calhar poderá ficar cega mais tarde, e para evitar que aconteça mais rápido tem de os usar. São valores que vamos perdendo ao longo do tempo, que depois também nos esquecemos de ensinar aos nossos filhos. A autora com este livro e através do sonho da joaninha fez com que ela compreendesse que na escola que andava existia um menino que também andava de cadeira de rodas e não tinha amigos, por pensarem que ele é diferente. Mas ele não é diferente, nós é que somos diferentes ao pensar assim, porque todos somos iguais, mas, com aspectos diferentes. Temos de olhar sempre para as pessoas pelo que elas são e não pelo que têm, porque o Carlinhos na história era diferente por andar de cadeira de rodas, mas era tão capaz de pintar como um verdadeiro artista, aspecto esse que Joaninha não conseguia fazer tão bem.

Eu gostei muito da história e da sua mensagem, está adequada ao grupo-alvo escolhido, os mais pequenos e enquadra-se muito bem para actividades lúdicas e socioculturais. Se neste momento estivesse a exercer, poderia com ele realizar imensas actividades, como por exemplo: peças de teatro, projectos de solidariedade, horas de conto, entre outras. A actividade que realizei com o meu sobrinho foi a “hora-do-conto”, ou seja, a leitura e depois a pintura (oferecida no livro) para colorir da imagem que ele mais gostou do livro ou o desenho. Optei pela pintura. E a escolhida foi a cadeira de rodas do Carlinhos, segundo a ideia dele, na qual pintou uma cadeira super colorida, foi para que o Carlinhos não ficasse mais triste. A vida não é colorida, mas poderá ser colorível. E cores alegres trazem sempre vida a nossa vida! Óptima escolha a dele, é assim que compreendemos que a mensagem foi bem transmitida. Obrigada a autora por esta grande oportunidade!

Ps: A resenha não está escrita com o novo acordo ortográfico. 

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